segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Em 4 anos, um de cada 10 livros sumiu do acervo em SP

"O acervo cultural de São Paulo perde 86,7 mil livros por ano. Levantamento feito pela reportagem com dados de 70 bibliotecas e pontos de leitura municipais mostra que 347 mil livros sumiram das prateleiras entre 2006 e 2010. A queda geral nos últimos quatro anos é de 12%. Mas há unidades em que seis de cada dez obras desapareceram.

O número revela que falta manutenção nos acervos municipais, uma vez que os exemplares perdidos não são repostos na proporção equivalente. Em dezembro de 2006, a capital tinha 2,88 milhões de livros - no mesmo período do ano passado, eram 2,53 milhões. A queda ocorre tanto entre os gêneros adultos quanto entre os dedicados ao público infanto-juvenil, ainda que em menor proporção. E mesmo em locais que contam com telecentros, condição considerada essencial para atrair leitores.
Realizada pela Rede Nossa São Paulo com informações da Secretaria Municipal da Cultura, a pesquisa mostra ainda que apenas 21 unidades seguiram o caminho inverso no período, ou seja, registraram ampliação do estoque. É o caso da Mario de Andrade, a primeira e maior biblioteca pública da capital, fundada em 1925 e reinaugurada em janeiro, após reforma. O ganho foi de 21 mil exemplares. As demais somam prejuízos. 
Há pelo menos três motivos que explicam a diferença: conservação inadequada, atraso na devolução dos empréstimos  e fatores externos, como enchentes. De acordo com bibliotecários da rede ouvidos pela reportagem, a informatização do sistema que permite a retirada também acelerou a saída de livros das prateleiras públicas. No processo, iniciado em 2008, houve transferência de exemplares para escolas ou mesmo descarte de títulos. 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O respeito às bibliotecas

O estímulo para o desenvolvimento do hábito da leitura é, com ênfase, uma tarefa de base familiar. É um forte apoio que os pais podem dar ao trabalho realizado no recinto das Escolas
João Dias de Souza Filho
Vamos enfatizar, nesta oportunidade, uma vez mais, tema que sempre merece o nosso apreço e consideração: as bibliotecas, destacando, o respeito que lhes é devido, como pontos de partida e decidida promoção cultural. Sorocaba, nesse particular, tem boas bibliotecas comunitárias. Estas merecem, sempre, o apoio das pessoas que amam os livros e que, encontram neles, a perenidade da sabedoria. Dentro desta perspectiva, há que se enfatizar e até mesmo reverenciar, de maneira muito particular, o Gabinete de Leitura Sorocabano, não só por seu respeitável acervo, como e também, pela sua longevidade. Ressalte-se, sempre, a sua perenidade e a dedicação de quantos o fundaram, dirigiram e todos os que trabalharam em seu recinto ao longo dos anos.
Enfatiza-se, por outro lado, as bibliotecas de nossas Faculdades e das Escolas de todos os níveis, encontradas na amplitude da cidade. Elas constituem-se em verdadeiras fontes de conhecimento e, devem, sempre, terem suas visitas estimuladas. Esse estímulo se consta na preocupação didática dos professores, deve (ou deveria) ser incentivada pelas famílias. Também. O estímulo para o desenvolvimento do hábito da leitura é, com ênfase, uma tarefa de base familiar. É um forte apoio que os pais podem dar ao trabalho realizado no recinto das Escolas. Sem essa participação, tudo fica mais difícil. Esta possibilita a amplitude do conhecimento, indo além da jornada escolar, em si mesmo. Hoje, este tema com devida reserva, concorre com outras atrações que atraem os jovens. É preciso que uma dosagem estimulada pelos pais enseje reunir o útil ao agradável. A perspectiva conta com dois fatores de comunicação: Rádio e, sobretudo, Televisão. 
Nesse contexto, a Biblioteca - ainda que a afirmação possa parecer como pleonástica - é um notável centro de cultura, necessário e absolutamente indispensável, à formação intelectual de quantos a frequentam. Trata-se de uma fonte de conhecimento necessária, ao aprimoramento cultural. 
Nessa perspectiva sociocultural, cabe à Família um papel muito importante e decisivo. Esta não pode apenas ficar esperando da Escola. Não pode e não deve ser ou ficar alheia. Tem que participar, na melhor acepção e amplitude do tema. E, em sendo o caso, estar presente em Associações de Pais e Mestres ou iniciativas equivalentes.

Entrementes, a leitura é de ser estimulada de toda forma, destacando-se a questão da valorização e o respeito às bibliotecas, sejam estas as escolares ou, aquelas que pertençam à entidade classista. Entre tantas que poderíamos citar e destacar - e, todas merecem nossa consideração e respeito - lembramos a Biblioteca Infantil, que funciona na Rua da Penha, detentora de bom acervo e de pessoal capacitado, para o bom e atencioso atendimento ao público, que ali acorre. Nesse local, ocorrem, também, eventos de natureza artístico-cultural. É um valioso incentivo para quem gosta de música e do canto, também. Um bom espaço, sem sobra de dúvida.

Outra referência, digna de registro. É a Biblioteca Pública Municipal, que funciona na proximidade do Paço Municipal, disponível para o público. Tem um acervo de excelente nível e conta com pessoal capacitado, que enseja bom atendimento. Suas dependências são muito boas e altamente funcionais. Contam com uma excelente infra-estrutura física, também. No contexto do Poder Público, em manter esse serviço cultural, é muito importante, também, que o público que o freqüenta, igualmente, dê a sua colaboração. Colabore com sua estrutura administrativa e, com respeito, muito grande, com seu patrimônio, pelo que ele representa para a coletividade.

A esse serviço cultural que é disponibilizado pelo Poder Público e, também, eventualmente pela iniciativa particular, é necessária a conscientização dos freqüentadores desses mesmos serviços. É de se enfatizar que de um modo geral, muitas entidades socioculturais, também oferecem esses serviços, com regular frequência e continuado interesse. Esses serviços datam de muito tempo. As entidades não só beneficentes, mas também, com preocupações de ordem cultural, imprimiram a seus serviços, as bibliotecas. Hoje tudo está mudado ou em dinâmica diferente ou, ainda, até mesmo em fase de transição, inclusive, com outras formas e perspectivas de serviços de bibliotecas. Estas, mesmo em entidades classistas, nem sempre têm a frequência que deveriam ter.

O que é necessário, neste caso, é que se estimule a frequência aos locais destinados à leitura e empréstimos de livros. Certamente, o Poder Público já exercita essa preocupação e, de toda maneira, sempre devemos estimular e aplaudir essa iniciativa. É uma tecla de fundamentação social. Ao lado das iniciativas oficiais, as entidades, devem continuar a estimular estes eventos. Sempre dignos de apoio do Poder Público e da iniciativa particular. A chegada do final do ano propicia reflexão em torno do tema.
Publicado originalmente no Jornal Cruzeiro do Sul