sábado, 19 de fevereiro de 2011

Além da sustentabilidade

"Paulo Nassar

Uma pesquisa recente da ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) revela que no universo das 500 maiores empresas atuantes no Brasil, as de origem brasileira são as que mais trabalham de forma organizada as suas histórias. Entre essas empresas nacionais se destacam Odebrecht, Petrobras, Votorantim, Natura, Embraer, TAM e Gol. Todas possuem estruturas e profissionais especializados em trabalhar as suas memórias técnicas e institucionais, com objetivos de transformar registros, documentos, fontes orais, material iconográfico e audiovisual em mensagens demandadas por suas áreas de pesquisa e desenvolvimento, marketing, gestão de marca e comunicação, recursos humanos, entre outras. É um trabalho mestiço que reúne historiadores, museólogos, bibliotecários, relações-públicas, jornalistas, publicitários, escritores, designers, documentalistas, arquivistas, analistas de sistemas. É mais um exemplo da comunicação empresarial como uma área de trabalho muito além das ações de relacionamento com a imprensa. Esse trabalho multidisciplinar ganha uma expressão comunicativa expressa em produtos como museus empresarias, exposições, publicações, contação de histórias (storytelling) e produções audiovisuais.

O valor da memória

Estas empresas brasileiras descobriram o valor de seu patrimônio histórico quando ele - não transformado em ruínas - transforma-se em conhecimento que diferencia uma determinada empresa frente aos seus concorrentes, mostrando o que ela tem de genuíno, singular. Um conhecimento - que muitas vezes não é explícito e para aflorar, ganhar expressão frente a milhares de empregados, comunidades onde essas empresas estão inseridas e frente à sociedade - precisa ser prospectado nos materiais coletados por historiadores e comunicadores em entrevistas com os fundadores, gerentes, trabalhadores, clientes e, também, com outros elos de uma extensa cadeia produtiva.

Quando uma empresa esquece suas memórias, encravadas em suas histórias, ela cinde-se com uma parte importante de sua identidade. O presente como pensava Gilberto Freyre, quando criou a idéia de tempo tríbio é indissociável dos tempos passado e futuro. A empresa não é um empreendimento se posicionada em uma bolha de instante.

A idéia de cultura organizacional é inviável em organizações que não respeitam a sua história e memória. Uma história e memória que são também histórias e memórias sociais. Vejam que quando estamos falando de empresas brasileiras como as citadas no início deste artigo, falamos também da história e da memória de setores como os de infra-estrutura, petróleo, cimento, papel e celulose, higiene e beleza, aeroespacial e transporte aéreo. Nesses casos, além de trabalhar os seus patrimônios históricos com fins especificamente empresariais, essas organizações têm disponíveis para a sociedade e para a comunidade acadêmica um arsenal de narrativas que mostram as suas utilidades e alinhamentos sociais e outros elementos simbólicos fundamentais para a legitimação de suas ações nos âmbitos sociais, econômicos, ambientais e culturais.

A expressão sustentabilidade, de tão usada e abusada pela comunicação e marketing das empresas é vista com desconfiança social crescente. Essa má percepção só pode ser superada pelas organizações que tem responsabilidade histórica, chancelada por boas memórias oriundas de seus públicos e sociedade, principalmente em relação aos seus comportamentos comercial, social, econômico e cultural."
Publicado originalmente http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4952828-EI6786,00-Alem+da+sustentabilidade.html

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Galeno Amorim: "Falta de dinheiro não pode ser desculpa"

"Reforma de prédio bicentenário e livros mais baratos são bandeiras do presidente da Biblioteca Nacional
EPTV.com - Rodolfo Tiengo
É unânime a assertiva de que o desenvolvimento de uma sociedade passa obrigatoriamente pelas ações públicas voltadas para a educação. Porém poucos são tão pragmáticos sobre o poder da leitura na formação intelectual e cidadã como Galeno Amorim.

Incontáveis são os projetos que o jornalista ribeirãopretano de 48 anos, o mais novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, liderou no que tange o estímulo à busca pelo precioso conhecimento guardado nos livros.

Além de dirigir o Observatório do Livro e da Leitura e de ter publicado 16 obras, ajudou a criar o Plano Nacional do Livro e da Leitura, do governo federal, além de ter dado contribuições sobre o tema em comitês da Unesco e da Organização dos Estados Ibero-Americanos. É também um dos fundadores da Feira Nacional do Livro de Ribeirão, que está comemorando dez anos.
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Ler e Escrever é Preciso

Vem aí a sétima edição o Concurso Cultural: Ler e Escrever é Preciso, do Instituto Ecofuturo.

O tema "Vamos cuidar da vida”, pretende levar crianças, adolescentes e jovens a expressarem, através de uma redação, como acreditam que a vida possa ser cuidada.

As inscrições vão do dia 1 de março de 2011 a 30 de junho de 2011.
Podem concorrer alunos do ensino fundamental I e II, ensino médio, EJA, professores, bibliotecários, atendentes de biblioteca e demais funcionários desse tipo de estabelecimento e educadores sociais.

Serão 60 (sessenta) redações avaliadas e premiadas com:

- um notebook;

- uma coleção de clássicos da literatura;

- certificados;

- troféus;

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Biblioteca de São Paulo completa um ano de atividades

"Zulmira Felicio

são paulo - Aproximadamente 309 mil pessoas passaram pela Biblioteca de São Paulo, em Santana, zona norte, durante o primeiro ano de vida da instituição. Nesse período, a biblioteca emprestou mais de 153 mil livros para 30 mil usuários cadastrados; e foi responsável pela promoção de 402 atividades culturais. Somente por esses números, o espaço se constitui uma instituição do governo paulista de sucesso. Em média, cerca de 30 mil pessoas por mês, de fevereiro de 2010 a janeiro de 2011.

"Em um ano de atividades, a Biblioteca de São Paulo já foi incorporada ao cotidiano da cidade. As pessoas sabem que ali elas têm acesso disponível à internet e muitos livros ao alcance das mãos, dos clássicos aos best-sellers, além de periódicos", afirma o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo. "É um projeto que deu certo, uma ideia que deve ser replicada e que amplia o acesso a cultura de qualidade para a população." Inspirada nos serviços e programas da Biblioteca Pública de Santiago, no Chile, a Biblioteca de São Paulo possui cinco áreas de atividades, divididas por faixas etárias. Os últimos lançamentos do mercado editorial dividem espaço com periódicos, computadores com acesso à internet (94 computadores disponíveis para o público) e recursos multimídia. Os usuários têm à disposição um auditório, área para exposições temporárias e permanentes, atividades de incentivo à leitura e um café.


Diversidade

Com um perfil de público eclético há um grupo composto por 80 pessoas assíduas, sendo cerca de 20 portadores de deficiência visual. Esses usuários retiram emprestado o material apropriado do acervo e usufruem da programação educativo-cultural. O espaço também recebe visitas agendadas e monitoradas por instituições que atendem pessoas com deficiência. O horário de funcionamento para portadores de necessidades especiais também é um diferencial: de terça a sexta-feira, das 9h às 21h, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 19h.

Ocupando uma área de 4.257 m² no Parque da Juventude, a Biblioteca de São Paulo, fica na Av. Cruzeiro do Sul, 2630, Santana (acesso pelo Metrô Carandiru). Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 19h. Entrada gratuita. Telefone: (11) 2089-0800.
Publicado originalmente http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=8&id_noticia=362413

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Enciclopédias perdem espaço nas livrarias e bibliotecas

" Coleções renomadas são atiradas no lixo e até rejeitadas por sebos de Ribeirão Preto
Régis Martins

A tradicional coleção da enciclopédia Mirador é pouco procurada nas estantes da biblioteca Altino Arantes
Imagine você, leitor, encontrar cerca de dez volumes de uma enciclopédia respeitada com livros de capa dura e papel de qualidade, jogados na lixeira. Pois foi o que aconteceu com este repórter, que se deparou com a cena no prédio onde mora: uma coleção inteira da renomada Larousse em vias de ser descartada sumariamente.

Porém, o pior estava por vir. Resgatada, o passo seguinte se tornou quase que uma missão impossível. Ao tentar doar os livros a sebos e bibliotecas do Centro de Ribeirão Preto, ninguém aceitou a coleção. Foi preciso entrar em contato com uma ONG que desenvolve um projeto de incentivo à leitura, para conseguir um lugar seguro para os livros.

"O computador acabou com as enciclopédias. A única opção é vender esses livros para a reciclagem", afirma Hildete Regina Gomes, funcionária do Sebo do Brechó.

Hildete informa que graças a sites de consulta como o Google e Wikipédia, as coleções de livros sobre conhecimentos gerais caminham para a extinção. Atualmente, no sebo, nem vendendo cada volume da Enciclopédia Barsa, por exemplo, a um real, os livros são comercializados.

"Às vezes, vem alguém comprar um ou dois livros para usar como decoração. E só. Aqui no sebo só ocupa espaço", diz.

Antônio Augusto, dono do Sebo da Nove, concorda com Hildete: "a internet matou a enciclopédia".

"Essa garotada não quer mais saber de fazer pesquisas em livros. Vão logo no computador, que é mais rápido e mais fácil", explica.

Antônio não trabalha com enciclopédias. Para ele é perda de tempo e espaço. O pouco que tinha, entregou para sucateiros que passavam pela rua.
"Os tempos mudaram. É ruim, porque nada substitui um livro", afirma o comerciante.

O chefe de seção da biblioteca Altino Arantes, Rogério Rodrigues, diz que a área dedicada à pesquisa, onde estão as enciclopédias, fica praticamente vazia.

"Caiu bastante. Os jovens preferem ir a uma lan house, entrar no Google, imprimir a página e pronto", comenta.

E olha que a Altino Arantes tem as melhores: Barsa, Mirador e Larousse.

"É ruim, porque o interesse pela leitura acaba. Eu mesmo pesquisei muito em enciclopédia", ressalta."
Publicado originalmente http://www.jornalacidade.com.br/editorias/caderno-c/2011/02/14/enciclopedias-perdem-espaco-nas-livrarias-e-bibliotecas.html