quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Novo presidente da Biblioteca Nacional pretende estimular a produção de obras mais baratas e sonha com livrarias populares

"André Miranda
RIO - Fazer do livro um artigo acessível a todos é a grande meta do jornalista e escritor Galeno Amorim. Confirmado na última sexta-feira como novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Amorim vai administrar a distribuição de obras para seis mil unidades públicas gerenciadas por prefeituras, além de traçar os rumos da oitava maior biblioteca do mundo em acervo. Ex-secretário de Cultura de Ribeirão Preto e com passagens pelo governo Lula, inclusive na FBN, ele foi incumbido pela ministra Ana de Hollanda de preparar o terreno para a criação do Instituto Nacional de Livro e Leitura. Para isso, num primeiro momento ele vai acumular a gestão dos acervos das bibliotecas com as elaborações de políticas públicas para o setor. Entre suas metas, Amorim pretende criar um mecanismo de incentivo para que as editoras apostem em livros populares, mais baratos, a fim de alcançar os consumidores das classes C, D e E. Em entrevista ao GLOBO, ele expôs sua visão sobre direito autoral e acesso à leitura, e disse imaginar uma livraria popular nos moldes das farmácias populares.
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Galeno Amorim é o novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional

"Nome do escritor ribeirãopretano foi anunciado nesta sexta-feira (21)

O escritor e jornalista de Ribeirão Preto, Galeno Amorim é o novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (21), pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda.
A Fundação Biblioteca Nacional abriga uma das mais tradicionais instituições de cultura do País, e também é uma das oito maiores bibliotecas do mundo.

Galeno Amorim é diretor do Observatório do Livro e da Leitura e considerado um dos maiores especialistas em políticas públicas do livro e leitura da América Latina. Foi responsável pela criação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), dos ministérios da Cultura e da Educação. Na ocasião, dirigiu a área do livro e leitura na Fundação Biblioteca Nacional e no Ministério da Cultura. Criou e dirigiu programas como o Fome de Livro (para zerar o número de cidades sem bibliotecas), o Ano Ibero-americano da Leitura (VivaLeitura), a Câmara Setorial, o Prêmio Vivaleitura e a desoneração fiscal do livro, entre outros.

Galeno já presidiu o Comitê Executivo do Centro Regional de Fomento ao Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc/Unesco) e foi consultor de políticas públicas da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) para a Educação, Ciências e Cultura, com sede na Espanha. Também integrou os conselhos estaduais de leitura dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Iniciou sua carreira pública em Ribeirão, onde foi secretário de Cultura. Criou, em 2001, a Feira do Livro de Ribeirão Preto, uma das maiores do País e a primeira Lei do Livro entre as cidades brasileiras. Em três anos, abriu 80 bibliotecas e aumentou seis vezes o índice de leitura da população.

Galeno Amorim é autor de 16 livros, entre ensaios e literatura infanto juvenil, com tiragem total de 350 mil exemplares. Entre as obras publicadas, estão Políticas Públicas do Livro e Leitura (OEI/Editora Unesp) e Retratos da Leitura no Brasil (Imprensa Oficial/Instituto Pró-Livro), com os resultados e análises da pesquisa do mesmo nome, que ele coordenou.

Ex-professor de Ética e Legislação no Jornalismo e diretor do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo nas décadas de 1980/1990, Galeno atuou durante mais de 30 anos no jornalismo. Trabalhou em O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Agência Estado e Rede Globo, entre outros.

Criou e dirigiu diversas instituições ligadas à área do livro e leitura, como a Fundação Instituto do Livro, a Fundação Feira do Livro e a Fundação Palavra Mágica, entre outros. Em 2006, liderou o Manifesto do Povo do Livro, entregue aos candidatos a presidente da República. Já recebeu diversos prêmios como personalidade do livro no País."
Publicado originalmente http://eptv.globo.com/lazerecultura/NOT,2,2,332434,Galeno+Amorim+e+o+novo+presidente+da+Fundacao+Biblioteca+Nacional.aspx

Política e protesto marcam reinauguração da Mário de Andrade

Paulo Noviello
Direto de São Paulo
Festa, protesto e participação de boa parte da elite política e intelectual do Estado de São Paulo e de um bom público marcaram a reinauguração da Biblioteca Mário de Andrade, a mais importante da maior cidade do Brasil e segunda maior do país, na tarde desta terça-feira (25), em meio às comemorações dos 457 anos da fundação de São Paulo. Muitas pessoas aproveitaram o feriado para se cadastrar na Biblioteca Circulante e consultar o acervo aberto.

O governador Geraldo Alckmin, o prefeito Gilberto Kassab, a ministra da Cultura Ana de Hollanda e o secretário municipal da Cultura Carlos Augusto Calil, além do ex-prefeito, ex-governador e candidato derrotado à presidência José Serra, estiveram na cerimônia. Escritores como Lygia Fagundes Telles e Ignácio de Loyola Brandão, intelectuais e acadêmicos também marcaram presença.

Em seu discurso, Kassab disse: "nossa gestão tem a digital do Serra em todo o canto, e o Calil é uma delas. Uma pessoa extremamente dedicada, até mal humorada às vezes, mas que com certeza vai deixar sua marca, principalmente pelo esforço na preservação e revitalização de equipamentos culturais importantes como a Biblioteca Mário de Andrade."

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Psicanalista Anna Verônica Mautner relembra vida na biblioteca

"A psicanalista acha que falta hoje à cidade espaços de convívio como a biblioteca

Paulo Noviello- Direto de São Paulo

Muitos antigos frequentadores da Biblioteca Mário de Andrade, alguns desde sua inauguração, foram prestigiar a reabertura do local que foi ponto de encontro da intelectualidade paulistana entre as décadas de 40 e 70. A psicanalista e cronista do jornal Folha De S. Paulo Anna Verônica Mautner, 75 anos e há seis décadas habitué da biblioteca, era uma das mais festejadas. A todo momento sendo cumprimentada pelos presentes, ela falou com o Terra sobre sua ligação especial com a Mário de Andrade, começando com uma brincadeira sobre tantos cumprimentos: "Odeio essa puxação de saco."

Nascida na Hungria em 1935, Anna veio com a família para São Paulo aos quatro anos, e começou a frequentar a biblioteca na adolescência. "Eu era pobre, não miserável, mas pobre, e naquele tempo a gente se juntava aqui. Era perto da Praça da República, do Theatro Municipal, dos cinemas, da antiga sede do Museu de Arte Moderna. Nós vínhamos aqui porque era de graça, um lugar descompromissado. Aqui nos tornamos intelectuais. Líamos muito, mas o mais importante não era o acervo da biblioteca, eram as pessoas, as conversas no hall. Essa minha geração, que tem entre 75 e 80 anos hoje, vinha aqui estudar para o vestibular. Outros pontos de encontro eram o antigo prédio da Faculdade de Filosofia da USP, os barzinhos da Maria Antonia, o barzinho do MAM, o Paribar, quando tínhamos dinheiro. Íamos aos concertos no Theatro Municipal, assistir a filmes na Cinemateca", relembra a psicanalista.

Ela conta que naquela época era difícil as pessoas se encontrarem em festas ou nas casas dos outros, e o saguão da Biblioteca Mário de Andrade, com a estátua A Leitura ao centro, era o ponto de encontro oficial. "Ninguém marcava hora para vir pra cá. A gente chegava e se encontrava. E a motivação era intelectual, não tinha muito namoro. Pode até ter saído algum casamento dali, mas não era esse nosso objetivo", brinca. E ela acha que hoje a cidade carece destes pontos de encontro. "A cidade precisa de lugares assim, gratuitos, que não precisa de crachá, ficar sócio, um local descompromissado. Outro dia dei uma palestra e o público era igual a gente era lá atrás, misturava branco, preto, amarelo, pobre, rico. É dessa convivência e dessa diversidade que a cidade precisa."

Publicado originalmente http://diversao.terra.com.br/arteecultura/noticias/0,,OI4910762-EI3615,00-Psicanalista+Anna+Veronica+Mautner+relembra+vida+na+biblioteca.html