terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O MinC e as Bibliotecas

"Mário Salvador*
O leitor deve ter o mesmo sentimento deste colunista ao tomar conhecimento de determinadas medidas tomadas por quem tem o poder nas mãos: frustração. O que se espera de quem comanda os destinos de uma cidade, estado ou país são leis ou ordens que beneficiem o povo, seja no campo da educação, da saúde, ou da segurança.

Apesar de erros de governantes serem fragrantes, a luz no fim do túnel nunca se apaga na ótica dos eleitores e contribuintes. E a esperança de que administradores da coisa pública possam acordar e trabalhar pelo povo nunca é abandonada.

E não é que é possível ficarmos alegres com alguma medida de caráter educativo, que só trará o bem comum?! Ainda agorinha, em 2 de dezembro, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, assinou uma portaria pela qual os municípios passam a só receber recursos desse ministério se tiverem pelo menos uma biblioteca pública em pleno funcionamento.

A medida não tem caráter punitivo; o objetivo da decisão é estimular as prefeituras a manterem bibliotecas abertas à população. “O acesso a bibliotecas é essencial para garantir o desenvolvimento do Brasil”, explica Juca Ferreira.

Essa medida salutar merece aplausos. As bibliotecas devem ser administradas pela própria prefeitura. Bibliotecas de escolas ou de iniciativa filantrópica não são consideradas para essa portaria. O MinC – Ministério da Cultura - diz que há cidades que, apesar de terem recebido da União livros, mobiliário e outros materiais, não promoveram a inauguração das suas bibliotecas. E há casos em que elas foram inauguradas, funcionaram por algum tempo e foram fechadas ou funcionam em poucos dias da semana.

Em abril deste ano, o 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, em levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas, apontou que 420 municípios do país não tinham bibliotecas públicas em 2009. E o MinC planeja criar um canal de comentários e reclamações sobre o assunto, dentro de um portal previsto para ser lançado ainda este ano.

Monteiro Lobato, que foi recentemente vetado para uso nas escolas, foi, de certa forma, redimido. É desse escritor, que iniciou o movimento editorial brasileiro, a célebre frase: “Um país se faz com homens e livros.”

Em Uberaba, temos uma magnífica Biblioteca Pública Municipal, condignamente aparelhada pelo atual e dinâmico prefeito, em que pese ter ele deixado o competente arquiteto esquecer-se da Academia de Letras, alojada no prédio da Biblioteca desde os tempos do prefeito Randolfo Borges.

A Academia ficou sem seu espaço e ganhou uma compensação: um cantinho nos fundos do prédio. Mas o tema de hoje é Biblioteca, que funciona bem em nossa cidade. A Academia, que não funciona bem, fica para outra ocasião.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro"
publicado originalmente http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,38236

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